terça-feira, março 18, 2008

Flight of the Conchords, If You're Into It

apanhei isto no blog de um amigo...achei mt bom e de chorar a rir!

segunda-feira, março 10, 2008

"Greening the Psyche"

No site de uma radio Australiana - ABC Radio National - encontrei uma reportagem (que achei muito interessante) sobre a atracção natural que o ser humano sente pelos sistemas vivos e o efeito que os espaços verdes urbanos exercem sobre o no nosso estado de espírito.

Segue um excerto e o link:

"Where I live is very urban, not so much suburban but definitely burdened with bitumen. At times I ache for green acres and that pull could well be in my genes and yours too. The acclaimed Harvard biologist EO Wilson has suggested we're entering an Eremozoic age, the age of loneliness, isolated from all other living organisms. He popularised what's called the biophilia hypothesis, the idea that we're biologically drawn to natural landscapes.

It's a scientifically woolly but compelling possibility. Intuitively we sense that grass, trees and water relax us but finding solid empirical evidence for a relationship between ecology and our state of mind has been more difficult. Environmental psychologists are now on to it: crime rates, academic performance, aggression, your mental health, even attention deficit disorder -- could a bit of urban greening make all the difference?"

Alterações Climáticas

Seguem alguns links sobre o tema tão polémico das alterações climáticas que creio que valem a pena dar uma olhada:

http://u3aclimatestudy.pbwiki.com/

http://www.youtube.com/watch?v=mF_anaVcCXg

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Para onde foram as nossas TVs ou portáteis?

Foto retirada de http://www.ewastefreepickup.com/

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

A depleção do ozono é mesmo uma treta?

Com carinho para o Kiko e para o Dário...


Na universidade aprendi que é tecnicamente incorrecto chamar ao fenómeno em questão de buraco do ozono pois este consiste na rarefacção ou depleção parcial dos níveis de ozono da estratosfera, e não total. Assim, vou chamá-lo antes de depleção do ozono estratosférico.

Aprendi também que nada, em termos científicos, pode ser provado com absoluta certeza. Assim, uma teoria científica representa uma ideia sobre a qual existe um concenso científico volumoso e um elevado nível de certeza suportada por um vasto conjunto de evidências. Ora tal é o que se passa com a teoria científica da depleção do ozono estratosférico, como com todas as outras teorias científicas.

As evidências que suportam a teoria científica da depleção do ozono estratosférico consistem num conjunto de medições (efetuadas em terra desde 1960 em mais de 30 locais dispersos por todo o mundo e através de satélite desde 1970) que indicam uma diminuição sasonal da concentração do ozono estratosférico sobre a Antárctica e o Árctico mais acentuada do que nas restantes partes do planeta. Esta é maior na Antárctica do que no Polo Norte.

Em 1950, o cientista Gordon Dobson descobriu que o vortex polar na antártica conduzia a uma diminuição da concentração de ozono através de causas naturais. As medições mostram que até 1976 não houve grande variabilidade na diminuição do ozono estratosférico da Antárctica. Contudo, estas indicam que a área de rarefacção aumentou desde então.

Processo associado ao fenómeno da depleção do ozono estratosférico

Em 1987 cientistas procederam à medição local (através de um avião) dos níveis de concentração de clorino (ClO) e de ozono na zona estratosférica da Antárctica. Os resultados indicavam que em zonas de maior concentração de clorino, a concentração de ozono era menor, e vice-versa. Tal veio suportar uma suspeita que um vasto número de cientistas tinha sobre a relação entre a depleção do ozono e a concentração de clorino na estratosfera.

Assim, após vários anos de investigação científica chegaram a uma hipótese: em cada Inverno na Antárctica os ventos sopram sobre os polos da terra segundo um padrão circular criando uma massa de ar fria, isolada do resto da atmosfera - vortex polar. Quando gotículas de água que compõem nuvens passam por esta massa de ar frio, estas transformam-se em pequenos cristais de gelo, cuja superfície atrai CFCs e outros químicos depletores do ozono, acumulando-os na estratosfera e acelerando as reacções químicas que libertam átomos de Cl e ClO. Os átomos de ClO combinam-se uns com os outros formando moléculas de Cl2O2, que no escuro do Inverno não reagem com o ozono, acumulando-se no vortex polar. Assim, quando chega a Prima-Vera (Setembro - Outubro), a radiação UV quebra as moléculas de Cl2O2, libertando grandes quantidades de átomos de Cl que reagem com o Ozono, num ciclo repetido:

(a) CCl3F + UV -> Cl + CCl2F
(b) Cl + O3 -> ClO + O2
(c) Cl + O -> Cl + O2

(b) e (c) repetem-se ciclicamente.

Gradualmente, à medida que a tempertura vai aumentando, os cristais de gelo vão derrentendo, quebra-se o vortex polar e a massa de ar naquela zona começa a misturar-se com o resto da atmosfera, iniciando-se a formação da nova camada de ozono até ao Inverno seguinte.

Quando o vortex polar desaparece, massas de ar com reduzida concentração de ozono movem-se para Norte ficando algumas semanas sobre algumas partes da Austrália, Nova Zelândia, América do Sul e África do Sul.

O mesmo acontece no Polo Norte durante a sua Prima-Vera e início de Verão (Fevereiro - Junho), sendo no entanto a dimuição dos níveis de ozono menor (10 - 38% no Árctico e na Antárctica tipicamente 50%). Uma razão para tal consiste no facto das massas de ar que se movem para e do Árctico passarem terra e por mar, em vez de só por água, como acontece com as do Árctico, o que produz distúrbios atmosféricos intensos que tornam o vortex aí menos frio e menos estável.

Quando o vortex do Polo Norte se desfaz, as massas de ar com baixa concentração de ozono deslocam-se para Sul - algumas partes da Europa, América do Norte e Ásia.

Note-se que as erupções vulcanicas e a queima de biomassa também libertam átomos de Cloro para a estratosfera. No entanto, grande parte do HCl (solúvel em água) é dissolvido na água das chuvas antes de atingirem a estratosfera, e medições indicam que não mais o que 20% do cloro resultante da queima de biomassa atinge a estratosfera.

Investigações mais recentes indicam contudo que partículas de aerossois de sais de sulfato resultantes e erupções vulcanicas podem destruir o ozono estratosférico por vastos anos.

(in Miller, G.T. "Living in the Environment")


Evolução da camada de ozono

Durante os anos 80 os níveis de ozono desceram 5-15% no Inverno, sobre as zonas temperadas e tropicais dos dois hemisférios - 3 vezes as perdas registadas nos anos 70. Globalmente, a terra perdeu uma média de 4% do seu ozono estratosférico entre 1979 e 1994.

Desde 1987 a zona de depleção sasonal do ozono sobre a Antárctica (com uma perda típica de cerca de 50%) tem abrangido uma área maior que a área continental do E.U.A ou da Europa. Contudo, os modelos computacionais mais recentes sugerem que esta área não deve aumentar mais, diminuindo o seu tamanho ao longo dos próximos 50 anos, à medida que os químicos depletores do ozono (entre eles os CFCs) são retirados do mercado e aqueles que existem na atmosfera são destruídos. (Miller, G.T. "Living in the Environment")

O livro do qual retirei estes dados foi editado em 1998, de modo que não apresenta dados relativos a anos posteriores. Contudo, no website da NASA encontrei informação sobre medições mais recentes:

"Data from NASA's Earth-observing Aura satellite show that the ozone hole peaked in size on Sept. 13, reaching a maximum area extent of 9.7 million square miles ­ just larger than the size of North America. That's "pretty average," says Paul Newman, an atmospheric scientist at NASA Goddard Space Fight Center, when compared to the area of ozone holes measured over the last 15 years. Still, the extent this year was "very big," he says, compared to 1970s when the hole did not yet exist.In comparison, 2002 and 2004 turned up weak ozone holes with maximum areas of about 8.3 million and 8.7 million square miles, respectively. The hole in 2006, however, reached a record-breaking maximum area of 11.4 million square miles. (...)

(..) Despite successful measures that have stopped production of CFCs, scientists don¹t expect to see the hole significantly reduce in size for about another decade, Newman says. This is due to the long lifetimes of CFCs already in the atmosphere, ranging from 40 to 100 years. Full recovery is expected in about 2070. But even that prediction is tentative, he says, because scientists remain uncertain about how a changing climate will come into play, as warming temperatures could act to speed up recovery of the ozone hole."

domingo, janeiro 29, 2006

Xiconhoca rica na costa

A cidade de S. José apesar de não ser arquitectonicamente nada de especial, tem alguns pontos de interesse, como algumas livrarias com livros de autores latino americanos em 2ª mão, cinemas, uma casa de teatro, o mercado artesanal, o jardim zoológico, uma série de parques (que são a casa de muitos mendigos) e alguns museus (museu das borboletas, arte contemporânea, etc), dos quais visitei o museu nacional. Contudo, acabei por não ter tempo para ver tudo, pois entrei já um pouco perto da hora de encerramento (mal pensado!). Por isso gostava de lá voltar para apreciar com mais calma a vista espectacular que este proporciona, ver a colecção de borboletas que eles lá têm e acabar de ler a história da Costa Rica…quando me mandaram embora estava na parte que explicava a constituição étnica deste povo e realmente a explicação que ali se apresentava veio esclarecer-me quanto à diversidade de fisionomias e cores que por aqui se vêem. No outro dia passei por uma casa onde na respectiva garagem estava a haver uma festa de aniversário de chineses que cantavam o “parabéns a você” num espanhol perfeito…para mim foi um dado novo!

Com 4 milhões de habitantes, o povo da Costa Rica é constituído maioritariamente por mestiços que provêm da coexistência de indígenas (índios), colonos espanhóis, negros provenientes maioritariamente da Jamaica, imigrantes gringos (E.U.A.), chineses e europeus (maioritariamente italianos e alemães). A população indígena representa 1% da população total, a mesma percentagem que a de imigrantes chineses! A população negra, por sua vez, concentra-se na costa caribeana e representa cerca de 3% da população. Aí falam “patuá” que, segundo me disseram, é uma mistura de espanhol com inglês e dialecto…estou curiosa! Segundo esta área da Costa Rica tem sido historicamente marginalizada ao longo dos vários governos. Para variar, a Costa Ricences (não sei se termina em “cence” ou “quenhos”) negros não era, até 1948, permitida a entrada no Vale Central (área onde hoje se insere S. José e outras cidades perto desta)...

Bom, depois de visitar a cidade de S. José algumas vezes resolvi, já que não tinha nada para fazer a não ser passear (que chatice!), viajar um pouco. Na 4ª feira da semana passada meti-me num bus para Monteverde, que fica a Noroeste de S. José. O principal interesse desta vila minorca é que se situa na base de uma reserva: “Reserva Biológica Bosque Nuboso Monteverde”. Creio que em português se pode dizer que é uma reserva de floresta tropical nebulosa. Nebulosa porque localiza-se numa zona bastante acima do nível do mar, portanto caracteriza-se por chuva abundante e uma temperatura que não condiz muito com o nome tropical…brzzzz....sim, casaquito de malha polar soube muito bem!

Levei cerca de 5 horas para lá chegar…não fica assim tão longe de S. José, mas o problema é que os autocarros não param só nas estações, vão parando ao longo do caminho para apanhar as pessoas…hehehe…além disso, por força da população que vive à custa do eco-turismo de Monteverde, mais de metade da estrada não é alcatroada…o alcatrão constitui um risco para a sobrepopulação desta vila e o consequente desequilíbrio da reserva…mas faz-se bem, a paisagem é lindíssima e com musiquita no ouvido, perfeito.

Visitei a tal reserva. Por um lado tive sorte pois no período em que lá fui não estava a chover, o que é sempre mais agradável, mas por outro tive muito azar porque estava muito vento logo não havia aves para ninguém! Pena pois é uma das principais atracções! Apenas vi o famoso “hummingbird”, que eram uma praga, em diversas cores e tamanhos (é a única espécie que consegue manter-se no ar sem deslocar-se devido à elevada capacidade de batimentos por segundo das asas que tem). Vi algumas orquídeas, uma tarântula gigante (horrorosa, preferia não ter visto! Hugh!) um macaco barulhento, um preguiçoso, e ouvi diversas explicações interessantes sobre o ecossistema. É um lugar muito bonito e novo para mim, até então só conhecia a savanita…hehe…

Além da visita à reserva havia uma série de outras coisas para fazer, só relacionadas com a própria reserva, un montón, proporcionado por diversas empresas: visitas diurnas ou nocturas gerais ou orientadas para as aves ou para os répteis…sei lá….hiking and trekking com guia, passeios de cavalo, bungee jumping, canopy tours, rappel. Fora da reserva: visita às cataratas…variados cursos de conservação da natureza, línguas, yoga, cerâmica, trabalho em madeira…museos: ranário, insectário, orquideário, mariposário (borboletas), fábrica do queijo e fábrica do café.

Bem, por onde começar? Primeiro preços…então além da reserva fui à fábrica do queijo e foi super interessante! À fábrica do café não deu porque no dia em que eu podia não havia o nº mínimo de pessoas para a visita…snif, snif, muita pena! Aos museus não fui porque há um montão do género em todo o país e bem mais baratos!

A vantagem de ter o Lonely Planet é que, entre outras coisas, vou comparando os preços e fazendo as minhas opções. São livros caros mas valem a pena, obrigada mana! Aqui todo bom turistinha anda com um na mão! Até os donos dos albergues têm! O Lonely Planet aqui é muito importante porque este país vive do turismo, então se o teu hotel aparece nesse livro é uma vantagem competitiva muito grande para ti. E porquê esta editora? Porque “Lonely Planet books provide independent advice…does not accept advertising in guidebooks, nor do we accept payment in exchange for listing or endorsing any place or business. Lonely Planet writers do not accept discount or payments in exchange for positive coverage of any sort.” Então todos os turistas o querem…o livro é tão comum que resolvi cobrir a capa do meu com papel de jornal para não me toparem. Sim, porque aqui se vêem que és de fora toca a vender! Mal as portas do bus abriram, já tinha não sei quantas vozes vindas de fora a perguntar-me se já tinha lugar para ficar…disse que sim, em casa da minha tia. Calculo que deva de haver por aí lugares menos turísticos, mas estando só e não conhecendo ticos ainda, não tive grande escolha…

Fiquei num albergue recomendado pelo L.P.…e resultou, camita confortável, wc partilhada, banho frio e muita simpatia por 5€ por noite. Comida: sandes com ingredientes proporcionados pelo supermarket, excepto 1 jantar, em que me dei ao luxo de pagar 2000 colones (4€) por um casado e una cerveza. O casado é um prato típico que como base contem sempre arroz e feijão. O que eu comi era um casado vegetariano, um prato super colorido com arroz branco soltinho, um pouco de refogado de feijão, um pouco de tomate fresco, abacate em fatias, palmito, milho…tudo assim separadito, maravilhoso! A repetir! Senti vontade de tirar uma foto mas estando sozinha não tive coragem…as mesas estavam todas chegas umas às outras, epa sentia-me ridícula…estupidez eu sei…mas aqui tudo é motivo para meter conversa e apetecia-me estar calada a comer descansada…

Regressando à fábrica do queijo. Aí tive a oportunidade de além de ficar a perceber o processo de fabrico de queijo, que é bastante simples, conhecer a história de Monteverde. E começa assim: 4 farmers gringos de Alabama, que haviam sido presos em 1949 por recusarem alistar-se no exército dos E.U.A., resolveram, após a sua libertação, emigrar em busca de uma vida mais pacífica. Assim, partiram em busca de terra no Canadá e na América Central, acabando por se estabelecer em Monteverde devido à sua terra fértil e clima propício para o desenvolvimento das suas actividades e pelo facto da Costa Rica ser um país que na altura já havia abolido o exército, o que ia de encontro com a pacificidade que procuravam. A estes farmers juntaram-se, em 1951, outros, fazendo um total de 11 famílias. Algumas destas famílias vieram de Alabama até Monteverde em carrinhas. Uma viagem que durou cerca de 3 meses cuja maioria do tempo foi a desbravar caminho/ tornar os caminhos acessíveis à sua passagem.

Os farmers compraram cerca de 15000 hectares de terra e com o objectivo de conservar o microclima que a floresta proporcionava ao local, benéfico para as suas actividades, acordaram em preservar cerca de 1/3 dessa propriedade. Creio que isto demonstra uma grande sensibilidade ecologica...

Posteriormente, juntando forças de ONGA’s, como por exemplo a WWF, conseguiram comprar mais terreno adjacente e formar a Reserva de Monteverde que eu visitei. Hoje em dia, com a ajuda de projectos privados de iniciativa por parte de cidadãos locais e de doações do público que visita a reserva, esta tem aumentando a sua extensão.

Com o terreno restante iniciaram então a produção de queijo (10 kg por dia) que perdura até hoje (1000 kg por dia), sendo o queijo e outros produtos lacticínios (como o gelado, que por sinal é muito bom!) vendidos em toda a Costa Rica e exportado para outros países da América Central e Sul. Os queijos que eles produzem são do tipo básicos como mozarela, parmesão, queijo fresco. Mas são estes que no final de contas se vendem mais. E aparentemente a indústria deles é bastante conceituada em toda a América Central.

Mas para mim o mais interessante foi saber que eles aproveitam o líquido que resulta da pasteurização do leite (um dos primeiros procedimentos para a produção de queijo), que é supostamente uma água suja, para alimentar porcos. Como tal, além de leite também têm uma indústria de carne vermelha. E mais, eles têm uma lagoa de tratamento das águas residuais própria!

Portanto como podem imaginar, Monteverde é uma vilazinha com uma influência gringa bastante forte. Mas pelo que deu para perceber vive-se em harmonia pois os gringos trouxeram muita coisa boa para os habitantes de uma vila muito próxima – Sta. Helena – já estabelecida antes da chegada destes. E é muito interessante observar como a existência da reserva naquela zona, a sua principal atracção turística, obriga a que todos que ali têm negócio desejem e contribuam para a sua preservação. Um exemplo a seguir sem dúvida, bastante inteligentes os gringos…

Na 6ª segui para uma outra vila, La Fortuna, cuja atracção principal é um vulcão ainda activo, o vulcão Arenal. No albergue em que fiquei estava também um grupo de Israelitas, 4 casais…dois dos quais estavam em lua-de-mel há 5 meses, andavam a viajar pela América Central com o dinheiro que os convidados do casamento ofereceram…maravilha, não?

Apesar do vulcão ser a principal atracção nem sempre se tem a sorte de o ver em actividade devido às nuvens que se formam sobre o seu cone. De noite, quando a lava contrasta com a escuridão, é quando o cenário costuma ser mais interessante. Mas não tivemos essa sorte. O dono do albergue, o Carlos, um porreiro sempre super bem disposto e brincalhão, ao qual às tantas já o chamávamos de Mr. Lava Lava ou Mr. Nada Nada (por não termos visto lava nenhuma) levou-nos duas noites seguidas a um “point “ supostamente ideal para ver o vulcão....mas nada nada! As nuvens não se iam embora…mas as cascatas, que obrigam a uma caminhada bastante puxada para alcançá-las e os passeios numa bicicleta alugada compensaram a estadia em grande! No caminho para as cascatas vi um bicho muito estranho mas não tão raro assim…um homem a masturbar-se…como o caminho era bastante deserto de casas e pessoas acelerei o passo e meti conversa com um cota americano que ia a uns 500 mts mais à frente. No fim ofereceu-me boleia no seu taxi, simpatico...

No domingo regressei a S. José. Fui num autocarro que concerteza foi desenhado para pessoas minúsculas! Os espaços entre assentos eram super apertados, os meus joelhos não tinham como não estar esborrachados no assento da frente…muito mal…

Entretanto no fim-de-semana chegaram finalmente os outros voluntários! Então 3ª, antigos voluntários, voluntários novos, e Costa Ricencences que vão fazer voluntariado na Europa este ano, partimos todos para um acampamento organizado pela ACI (Associação de Intercâmbio da Costa Rica), a minha organização de recepção daqui, com o objectivo de nos conhecermos todos e partilharmos experiências. Estivemos até 5ª numa praia…e foi muito bom…já me sinto menos só e mais bronzeada…hehe. Aí encontrei muita gente porreira, geraram-se conversas interessantes, muita animação e algumas dicas de salsa e cumbia.

Ontém, já em S. José outra vez, fui sair com Ticos e voluntários europeus que aí conheci. Uma espécie de visita guiada à vida nocturna de S. José. Fomos a um mini-concerto de guitarra classica num lugar muito bonito que se parecia imenso com a “Casa do Algarve” do Rossio, assim muito arabico...

Sábado deixei-me ficar em casa, entre o computador, a televisão e a geleira…o Pablo não para de jogar vídeo game! Se ao menos ele desligasse o som! Plim, plum, grzzzzzzz, ahahaha, chzrr, yeah yeah, pum pum, toda a tarde!

Segunda finalmente começam as aulas de espanhol…até lá, computador, televisão e geleira…e talvez uma peça de teatro...

Bjão gd!!!!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Primeiros dias na rica costa

"Depois do stress dos últimos dias, finalmente me vejo no comboio para Madrid…" era o início da mensagem que enviava para alguns amigos que não tive oportunidade de me despedir pessoalmente. Eram cerca das 22:30 e pouco depois fui deitar-me, pois a Portuguesa e a Espanhola com quem partilhava a cabine já se encontravam deitadas e assim que me deitei desligaram a luz…8 horas eram quando a "pica" bateu à porta para nos acordar dizendo que faltavam 30 minutos para chegar, o espelho da casa de banho denunciou-me um punk indomável e umas olheiras de quem dormiu pouco. Em conversa com a Espanhola planiei o trajecto a fazer para o aeroporto mas logo tive de descobrir um plano alternativo porque o metro da estação de comboio estava avariado…bom, a Espanhola super simpática ajudou-me, acho que ela estava com mais medo que eu, que eu perdesse o avião. Tive de carregar a mala de 25 kilos e uma mochila nas costas para cima e para baixo pois as escadas rolantes pregaram-me uma partida, mas nada do outro mundo, cheguei ao aeroporto com bastante tempo. Check-in, e ops afinal podia levar 40 kilos, por isso tratei de passar algumas coisas da mochila para a malona. O pior foi para fechá-la! Não conseguia, mas consegui partir uma das chaves! E estava a demorar tanto tempo que os outros passageiros que estavam na bicha, que parecia a bicha do check-in para Maputo, vieram em meu socorro e lá trataram do assunto: mala fechada, uff!
Calhou-me um lugar de janela ao lado de um senhor, digamos bastante forte e que ia bebendo os seus copitos. Em conversa disse-me que era do sector turístico e que ia com os seus clientes, que estavam sentados por ali perto, para o Panamá fazer mergulho de garrafa. "Una viagen com mucha adrenalina", disse. Ele já era um habituée desta viagem portanto quando já tínhamos cerca de 9 horas de voo disse-me para estar atenta ao aparecimento de islas, Cuba, Jamaica, etc. E muito contente ficou quando o comandante nos disse, ao contrário do que estava previsto, que íamos primeiro parar no Panamá e só depois seguiríamos para a Costa Rica. A razao: más condições climatológicas. Mas a mim fez-me lembrar as imprevistas habiatuais paragens no Gabão a caminho de Maputo, para abastecer. Nisto já íamos em 13 horas e com apenas duas refeições no estômago, uma delas bastante fraquita (bendita TAP ou LAM!), quando o comandante anunciou que teríamos de ficar a sobrevoar San José por mais cerca de 10 minutos que acabaram por ser 20, por razões de tráfego aéreo. Acho que esteve para se gerar uma greve dentro do avião…lá finalmente aterramos, recolhi a mala, troquei uns dólares e saí para fora à procura do meu nome nos cartazes e rapidamente encontrei o Eric e a Flora, a minha actual mãe de acolhimento. Calor mas não tanto como eu imaginava. Super simpáticos começaram logo por contar um montão de coisas sobre os hábitos Costa Riquenhos, mas eu estava podre e muito mal cheirosa, devo dizer…ansiava por um banho, uma comida quente e cama. E assim foi, banho de água fria, pollo com pão e cama torta. Mas soube tão bem! No dia seguinte acordei cedíssimo e fui passear por Moravía, zona onde estou a morar agora, fartei-me de andar pois perdi-me algumas vezes…hehe…

A Flora é divorciada e tem duas filhotas (Silvia e Melissa), de 13 e 15 anos acho, e um filhote (Pablo) de 8 anos, acho…são muito queridos e super unidos!Vou ficar com esta família até dia 10 de Fevereiro, dia em que irei para Las Quebradas, um vila perto da cidade de San Isidro del General, para iniciar o meu projecto. Aí ficarei em casa de outra família. Até lá estarei por San José a ter aulas de Espanhol e a passear…se bem que as aulas de espanhol só começam daqui a uma semana!

Entretanto já conheci alguns voluntários que já cá estão há 6 meses e que vão cá ficar por mais 6. Vêem-me como uma privilegiada pois eles não vêm através do fundo SVE (Serviço de Voluntariado Europeu do Programa Juventude), pagam tudo e por um ano! Imagino o dinheiro!!! São todos mais novos que eu, 18 a 23 anos…na sexta fui a um concerto de música afro-caribbean com eles e adorei, fui também a uma festinha deles no sábado e foi engraçado ver como se divertem…bom, vim-me embora mais cedo, apanhei um táxi com uma Alemã que vive relativamente perto de mim. Os táxis como os transportes em geral são bastante baratos por aqui. A comida nas padarias e em restaurantes tipo tascas (Sodas, como chamam) também é baratinha. Assim como o cinema, 2 euros! A roupa por outro lado não é assim tão barata, é como em Lisboa, mesmo nos armazéns é ao preço dos chinas aí. Há é mts lojas de roupa em 2ª mão, creio que vem de fora. Vou ter de me cuidar porque a comida aqui tem muito bom aspecto, chicherrones e empanadas de carne, tacos e tortilhas, frutos naturais, pão doce de coco, hum!

No sábado de manhã fui ao mercado com a Flora e filhos, adorei o ambiente, super colorido, vi frutas que nunca tinha visto, queria por algumas fotos aqui mas nao consigo!!!

Depois ponho fotos da cidade de São José, ainda não tirei porque não dá para andar por aí assim muito descontraída a tirar fotos, há muito pickpocketing, há ruas bastantes obscuras. Não é tão perigoso como Maputo mas não dá para andar distraído, roupa simples, nada de relógio e pratas, o mais discreto possível. Não ha assim muitos relatos de roubos frontais, tipo facas ou armas, mas relatos do género "eu virei-me só por um segundo e…"abundam entre os voluntários. Uma coisa em minha vantagem é eu não parecer estrangeira, só me topam quando abro a boca hehhe…mas o cabelo curto aqui não é muito comum entre as ticas (mulheres Costa Riquenhas).

Segundo a Flora disse-me que o meu pocket-money é bastante bom e que se o poupar dara perfeitamente para viajar para outro país…a ver…os buses internacionais são baratíssimos…bom mas por aqui dentro ainda há muito para visitar.

O tempo anda meio chuvoso por aqui e o calor a sério ainda não começou, é em Maio…por enquanto dou graças a deus de ter trazido uns casaquitos de malha. No entanto só de andar na rua fiquei com os ombros vermelhos e a arder. San José fica num vale por isso estando na rua e procurando o horizonte vê-se montanhas e nuvens negras, portanto a periferia de San José é mais fria e chuvosa.

Aqui a terra treme de vez em quando, ja houve tremores de 6, 7 graus....bom, a ver...ou nao, espero

Já cheia de saudades mas a gostar disto, bjk gd!!!!