segunda-feira, janeiro 16, 2006

Primeiros dias na rica costa

"Depois do stress dos últimos dias, finalmente me vejo no comboio para Madrid…" era o início da mensagem que enviava para alguns amigos que não tive oportunidade de me despedir pessoalmente. Eram cerca das 22:30 e pouco depois fui deitar-me, pois a Portuguesa e a Espanhola com quem partilhava a cabine já se encontravam deitadas e assim que me deitei desligaram a luz…8 horas eram quando a "pica" bateu à porta para nos acordar dizendo que faltavam 30 minutos para chegar, o espelho da casa de banho denunciou-me um punk indomável e umas olheiras de quem dormiu pouco. Em conversa com a Espanhola planiei o trajecto a fazer para o aeroporto mas logo tive de descobrir um plano alternativo porque o metro da estação de comboio estava avariado…bom, a Espanhola super simpática ajudou-me, acho que ela estava com mais medo que eu, que eu perdesse o avião. Tive de carregar a mala de 25 kilos e uma mochila nas costas para cima e para baixo pois as escadas rolantes pregaram-me uma partida, mas nada do outro mundo, cheguei ao aeroporto com bastante tempo. Check-in, e ops afinal podia levar 40 kilos, por isso tratei de passar algumas coisas da mochila para a malona. O pior foi para fechá-la! Não conseguia, mas consegui partir uma das chaves! E estava a demorar tanto tempo que os outros passageiros que estavam na bicha, que parecia a bicha do check-in para Maputo, vieram em meu socorro e lá trataram do assunto: mala fechada, uff!
Calhou-me um lugar de janela ao lado de um senhor, digamos bastante forte e que ia bebendo os seus copitos. Em conversa disse-me que era do sector turístico e que ia com os seus clientes, que estavam sentados por ali perto, para o Panamá fazer mergulho de garrafa. "Una viagen com mucha adrenalina", disse. Ele já era um habituée desta viagem portanto quando já tínhamos cerca de 9 horas de voo disse-me para estar atenta ao aparecimento de islas, Cuba, Jamaica, etc. E muito contente ficou quando o comandante nos disse, ao contrário do que estava previsto, que íamos primeiro parar no Panamá e só depois seguiríamos para a Costa Rica. A razao: más condições climatológicas. Mas a mim fez-me lembrar as imprevistas habiatuais paragens no Gabão a caminho de Maputo, para abastecer. Nisto já íamos em 13 horas e com apenas duas refeições no estômago, uma delas bastante fraquita (bendita TAP ou LAM!), quando o comandante anunciou que teríamos de ficar a sobrevoar San José por mais cerca de 10 minutos que acabaram por ser 20, por razões de tráfego aéreo. Acho que esteve para se gerar uma greve dentro do avião…lá finalmente aterramos, recolhi a mala, troquei uns dólares e saí para fora à procura do meu nome nos cartazes e rapidamente encontrei o Eric e a Flora, a minha actual mãe de acolhimento. Calor mas não tanto como eu imaginava. Super simpáticos começaram logo por contar um montão de coisas sobre os hábitos Costa Riquenhos, mas eu estava podre e muito mal cheirosa, devo dizer…ansiava por um banho, uma comida quente e cama. E assim foi, banho de água fria, pollo com pão e cama torta. Mas soube tão bem! No dia seguinte acordei cedíssimo e fui passear por Moravía, zona onde estou a morar agora, fartei-me de andar pois perdi-me algumas vezes…hehe…

A Flora é divorciada e tem duas filhotas (Silvia e Melissa), de 13 e 15 anos acho, e um filhote (Pablo) de 8 anos, acho…são muito queridos e super unidos!Vou ficar com esta família até dia 10 de Fevereiro, dia em que irei para Las Quebradas, um vila perto da cidade de San Isidro del General, para iniciar o meu projecto. Aí ficarei em casa de outra família. Até lá estarei por San José a ter aulas de Espanhol e a passear…se bem que as aulas de espanhol só começam daqui a uma semana!

Entretanto já conheci alguns voluntários que já cá estão há 6 meses e que vão cá ficar por mais 6. Vêem-me como uma privilegiada pois eles não vêm através do fundo SVE (Serviço de Voluntariado Europeu do Programa Juventude), pagam tudo e por um ano! Imagino o dinheiro!!! São todos mais novos que eu, 18 a 23 anos…na sexta fui a um concerto de música afro-caribbean com eles e adorei, fui também a uma festinha deles no sábado e foi engraçado ver como se divertem…bom, vim-me embora mais cedo, apanhei um táxi com uma Alemã que vive relativamente perto de mim. Os táxis como os transportes em geral são bastante baratos por aqui. A comida nas padarias e em restaurantes tipo tascas (Sodas, como chamam) também é baratinha. Assim como o cinema, 2 euros! A roupa por outro lado não é assim tão barata, é como em Lisboa, mesmo nos armazéns é ao preço dos chinas aí. Há é mts lojas de roupa em 2ª mão, creio que vem de fora. Vou ter de me cuidar porque a comida aqui tem muito bom aspecto, chicherrones e empanadas de carne, tacos e tortilhas, frutos naturais, pão doce de coco, hum!

No sábado de manhã fui ao mercado com a Flora e filhos, adorei o ambiente, super colorido, vi frutas que nunca tinha visto, queria por algumas fotos aqui mas nao consigo!!!

Depois ponho fotos da cidade de São José, ainda não tirei porque não dá para andar por aí assim muito descontraída a tirar fotos, há muito pickpocketing, há ruas bastantes obscuras. Não é tão perigoso como Maputo mas não dá para andar distraído, roupa simples, nada de relógio e pratas, o mais discreto possível. Não ha assim muitos relatos de roubos frontais, tipo facas ou armas, mas relatos do género "eu virei-me só por um segundo e…"abundam entre os voluntários. Uma coisa em minha vantagem é eu não parecer estrangeira, só me topam quando abro a boca hehhe…mas o cabelo curto aqui não é muito comum entre as ticas (mulheres Costa Riquenhas).

Segundo a Flora disse-me que o meu pocket-money é bastante bom e que se o poupar dara perfeitamente para viajar para outro país…a ver…os buses internacionais são baratíssimos…bom mas por aqui dentro ainda há muito para visitar.

O tempo anda meio chuvoso por aqui e o calor a sério ainda não começou, é em Maio…por enquanto dou graças a deus de ter trazido uns casaquitos de malha. No entanto só de andar na rua fiquei com os ombros vermelhos e a arder. San José fica num vale por isso estando na rua e procurando o horizonte vê-se montanhas e nuvens negras, portanto a periferia de San José é mais fria e chuvosa.

Aqui a terra treme de vez em quando, ja houve tremores de 6, 7 graus....bom, a ver...ou nao, espero

Já cheia de saudades mas a gostar disto, bjk gd!!!!